Perfil do Elemento Químico: Antimônio – Sb

Antimônio

Elemento químico antimônio

O antimônio é um metalóide (semi-metal), membro do grupo 15 da tabela periódica dos elementos, encontrado em duas formas: forma metálica, de cor prateada e brilhante e quebradiça, e na forma não-metálica, um pó de cor cinza.

A palavra antimônio vem do grego anti – monos, que aparentemente significa “não sozinho”, indicando que o elemento não é encontrado sem estar em combinação ou ligado a outros elementos. Já seu símbolo, Sb, vem do latim Stibium, nome dado ao sulfeto deste elemento na antiguidade.

Amostra do elemento Antimônio. Foto: coleção de elementos químicos de Fábio dos Reis
Amostra do elemento Antimônio. Foto: coleção de elementos químicos de Fábio dos Reis

História do Antimônio

Elemento conhecido desde a Antiguidade, foram encontrados objetos datados de mais de 5000 anos feitos com esse elemento. Desde então, tem encontrado diversas aplicações, desde cosméticos a medicamentos e na fabricação de utensílios, entre outros.

No Egito antigo (c. 1600 a.C.), o sulfeto de antimônio (Sb2S3) era empregado como pigmento, e uma forma de coloração negra desse pigmento era usado como máscara facial e maquilagem ao redor dos olhos conhecida pelo nome de khol (às vezes feito com galena, um sulfeto de chumbo, ou outras substâncias). Esse tipo de cosmético com essa composição ainda é usado nos dias atuais em alguns locais, como no Afeganistão.

Na Bíblia, a sacerdotisa Jezebel era uma usuária famosa de maquilagem khol.

Outro composto, o antimoniato de chumbo, um pigmento de cor amarela, foi empregado para colorir tijolos ornamentais que o rei Nabucodonosor (604-561 a.C.) usou como adorno em muros da cidade da Babilônia, a mais famosa cidade na antiga Mesopotâmia.

Em 1604 foi publicado um livro de nome “A Carruagem Triunfal do Antimônio“, pelo alemão Johann Thölde, no qual muitos compostos de antimônio eram (corretamente) descritos.

Onde é encontrado o antimônio

De onde é extraído o antimônio? Apesar de algumas vezes ser encontrado em forma livre na Natureza, o antimônio é normalmente obtido a partir dos minerais estibinita (Sb2S3), que é um sulfeto de antimônio, e da valentinita (Sb2O3), óxido de antimônio.

As maiores reservas de antimônio no mundo se encontram na Rússia, China, Tadjiquistão, Austrália, África do Sul e na Bolívia.

Cristais de Valentinita. Foto de Christian Rewitzer. Licença CC BY-SA (https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0)
Cristais do mineral Valentinita (Sb2O3). Foto de Christian Rewitzer. Licença CC BY-SA (https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0)

Aplicações do antimônio

Tanto o elemento quanto seus compostos encontram inúmeras aplicações em várias indústrias, como por exemplo:

  • Dopagem de materiais semicondutores
  • Ligas metálicas de baixa fricção
  • Blindagem de cabos elétricos
  • Baterias, Peltre e soldas de baixo ponto de fusão
  • Materiais à prova de chamas
  • Tintas e vernizes cerâmicos
  • Rolamentos
  • Tipos móveis
  • Munição (balas e projéteis)
  • Catalisador na produção de plástico PET

O óxido de antimônio, Sb2)3 é usado como retardante de chamas em materiais plásticos (PVC, por exemplo), como capas de fios condutores.

A adição de antimônio ao estanho ou chumbo torna esses metais mais resistentes, e por isso é empregado na fabricação de ligas metálicas como o peltre (pewter), uma liga contendo estanho com pequenas quantidades de antimônio e cobre, muito usado na fabricação de utensílios diversos, tais como pratos, travessas, canecas, tankards (caneca de cerveja com tampa), medalhas, esculturas e muitos outros.

Os tipos móveis, criados e empregados por Gutenberg, eram feitos de uma liga de chumbo e estanho com a adição de antimônio para dar a resistência necessária ao seu uso nas máquinas de imprensa.

Balas (munição para armas) são fabricadas com chumbo, um metal bastante maleável e cm baixo ponto de fusão. Para dar resistência adequada a esse projéteis, o antimônio é adicionado ao chumbo, assim como ocorre em baterias de chumbo-ácido para automóveis, cujas placas de chumbo são reforçadas por antimônio.

Aplicação do antimônio: metal anti-fricção. Peça retirada de um cartucho de Toner. Foto: Fábio dos Reis.
Aplicação do antimônio: metal antifricção. Peça retirada de um cartucho de Toner. Foto: Fábio dos Reis.

No corpo humano, o antimônio não possui nenhum papel biológico. Trata-se, na verdade, de um elemento tóxico, podendo levar à morte. Ainda assim, foi empregado por vários séculos como tratamento para vários tipos de doenças. Doses diminutas do elemento estimulam o metabolismo, porém doses um pouco maiores causam problemas como danos ao fígado, causam sudorese, induzem ao vômito e à diarreia.

Ainda assim, algumas drogas contendo antimônio são usadas para combater infecções por protozoários e também em medicina veterinária.

Por conta de suas propriedades tóxicas, o antimônio também foi usado como forma de assassinato por envenenamento, principalmente no final do século XIX.

O antimônio é um semi-metal quebradiço e mau condutor de eletricidade e calor.

Coleção de tipos móveis para impressão, feitos com liga de chumbo, estanho e antimônio. Museu Plantin-Moretus, Bélgica. Foto: Fábio dos Reis
Coleção de tipos móveis para impressão, feitos com liga de chumbo, estanho e antimônio. Museu Plantin-Moretus, Bélgica. Foto: Fábio dos Reis

Curiosidades sobre o antimônio

  • Acredita-se que o famoso Fogo Grego possuía antimônio em sua composição, na forma do mineral Estibinita, um sulfeto de antimônio (III) de fórmula Sb2S3, misturado com petróleo e salitre.
  • Do final da Idade Média até o século XIX, pílulas de antimônio eram usadas como laxante. Ao ingerir uma pílula dessas, o intestino da pessoa ficava irritado, levando a uma diarreia. O interessante era que a pílula podia ser resgatada das fezes, lavada e reutilizada!
  • Nos séculos XVII e XVIII era comum o uso de taças feitas de antimônio para induzir o vômito, nas quais era colocado vinho e deixado por um período de até 24h, o que levava à reação do ácido tartárico do vinho com o antimônio. Isso produzia tartarato de antimônio e potássio que, ao ser ingerido em solução no vinho, provocava vômitos.
  • Acredita-se que o famoso compositor erudito Mozart morreu envenenado por antimônio, ao consumir uma substância chamada tartarato de antimônio, por recomendação médica.
Cristais de Estibinita, provenientes da mina de antimônio de Herja, na Romênia. Imagem: @mardani_fine_minerals (Instagram).
Cristais de Estibinita, provenientes da mina de antimônio de Herja, na Romênia. Imagem: @mardani_fine_minerals (Instagram).

Dados Gerais:

  • Símbolo: Sb (do latim Stibium)
  • Número Atômico: 51
  • Massa Atômica: 121,760
  • Ponto de Fusão: 630,63 °C / 903,78 K
  • Ponto de Ebulição: 1635 °C / 1908 K
  • Densidade: 6,67 g/cm3
  • Abundância Estimada na Crosta Terrestre: 2×10-1 mg/kg
  • Abundância Estimada nos Oceanos: 2,4×10-4 mg/L
  • Número de Isótopos: O antimônio possui 2 isótopos estáveis:
    • Sb-121
    • Sb-123
  • Energia de Ionização: 8,64 eV
  • Estados de Oxidação: +5, +3, -3
  • Raio atômico: 133 pm
  • Dureza na escala Mohs: 3
  • Distribuição Eletrônica do antimônio:
    1s2
    2s2 2p6
    3s2 3p6 3d10
    4s2 4p6 4d10
    5s2 5p3 
  • Óxidos: Sb2O3, Sb2O5

Referências

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