Meu Hobby: Numismática

O que é Numismática – Coleção de moedas e itens associados

Como muitos sabem, tenho vários hobbies relacionados a colecionismo que pratico regularmente, alguns com mais intensidade e outros esporadicamente, como coleção de livros, plantas, minerais e elementos químicos, e discos de vinil, entre outros.

Um dos hobbies que mais me ocupa é a Numismática, popularmente conhecida como “coleção de moedas” – mas que vai muito além disso.

Mas, afinal de contas, o que é numismática? E como comecei com esse hobby?

O que é a Numismática

Numismática, mais do que um hobby, é uma ciência, ligada à história, economia e arqueologia. Trata-se do estudo e coleção de moeda (em sentido amplo, meio para transações monetárias), o que inclui as moedas em si (objetos), fichas, medalhas, cédulas e outros itens relacionados, como meios de pagamento diversos.

Um especialista ou praticante de numismática é chamado de Numismata, incluindo colecionadores de moedas e estudantes do assunto.

Etimologia: A palavra Numismática vem, em última instância, do grego νόμισμα (“nomisma”), que significa basicamente “moeda corrente”.

Trata-se de um hobby antigo, praticado já na Antiguidade Clássica e ampliado durante a Renascença, e amplamente difundido nos dias de hoje, com muitos comerciantes e associações numismáticas (como a SNB, Sociedade Numismática Brasileira e a ANA, American Numismatic Association, entre várias outras).

Em outro momento falarei mais a respeito da história da numismática em si, que é bem extensa, rica e interessante.
Hoje, contarei a história de como iniciei neste hobby, e como a numismática fez parte da minha vida ao longo dos anos.

O início: a moeda nº 1

Se você conhece os personagens da Disney muito provavelmente conhece o Tio Patinhas, o icônico pato “mais rico que existe no mundo”, e talvez saiba que a fortuna “quaquilionária” dele começou com uma singela primeira moedinha, a moeda nº 01.

Pois bem. Muitos numismatas iniciam suas coleções exatamente dessa forma – com uma moedinha simples, geralmente ganha dos pais ou de parentes, ou, como foi meu caso, encontrando uma moeda jogada em algum canto da casa.

Em 1983 eu residia em uma casa relativamente grande, que pertencia ao meu bisavô, no bairro da Mooca, em São Paulo. A casa tinha vários cômodos, pois nela moravam na verdade três famílias (nossos parentes), e como toda casa antiga haviam móveis velhos, baús, cantos escondidos e caixas cheias de quinquilharias nos fundos dos guarda-roupas.

Na época eu, com 7 anos de idade, estava brincando no fundo do quintal, em um barracão-oficina de meu bisavô que ficava ao lado de uma horta que ele cuidava (com minha ajuda, sendo essa a origem de minha paixão por plantas – mas isso é outra história), quando encontrei uma lata com pregos, parafusos e outras peças, e resolvi despejar tudo no chão para ver melhor seu conteúdo.

Qual não foi minha surpresa ao ver aquele objeto circular, de cor dourada, que eu peguei para examinar mais de perto, sem saber do que se tratava ainda.

Ao observá-lo com mais atenção, notei que era uma moeda – mas não uma moeda comum da época (o cruzeiro); era uma moeda com a denominação “1 Peso” e data de 1975 (ano em que eu nasci), e com um desenho de um sol estilizado e a inscrição “REPUBLICA ARGENTINA” no reverso.

Moeda de um peso da Argentina de 1975
Moeda de um peso da Argentina de 1975. A primeira moeda de minha coleção.

Meu Tesouro

Fiquei alucinado. Jamais havia visto de perto um objeto desses, ainda mais proveniente de outro país, e com o coração disparado imediatamente corri para mostrar o meu achado para um tio meu que morava também naquela casa.

Meu tio pegou a moedinha, deu uma olhada rápida na peça, e então a enfiou no bolso da camisa, e saiu andando em direção ao quarto dele.

Eu não podia acreditar. Tinha acabado de encontrar o maior tesouro dos meus sete anos de vida, e alguém simplesmente o estava levando embora!

Não hesitei por um instante a mais sequer, e fiz que toda criança naquela situação faria para assegurar seu “direito” como proprietário do tesouro encontrado: comecei a chorar aos berros.

Aquele escândalo, que eu não costumava fazer, chamou a atenção de uma tia, irmã desse tio pegador-de-moedas-dos-outros, que veio me questionar sobre o que havia acontecido, preocupada com algum acidente ou ferimento que eu pudesse ter sofrido.

– (minha tia) “O que aconteceu Fabinho?”
– (eu, aos prantos) “Eu sempre quis ter uma moeda estrangeira especial, e hoje eu achei uma”
– (minha tia) Mas por quê você está chorando então? Não devia estar contente?
– (eu, apontando para meu tio) “Ele pegou e levou embora”

Minha tia só precisou de um olhar: Não teve jeito. Ele teve de tirar a moedinha do bolso e me entregar de volta.

E assim nasceu mais um numismata. Desde então nunca mais deixei de apreciar o colecionismo de moedas (e outros itens), e ao longo do tempo fui aprendendo e, sempre que possível, aumentando a coleção.

O que, na verdade, demorou muitos anos, pois como e quando criança não era fácil conseguir novas moedas para a coleção – ainda mais nos “longínquos” anos 80.

Sem contar que sequer telefone tínhamos em casa, e eu ainda tinha um “numismata concorrente” – tempos depois é que fui descobrir que meu tio também colecionava moedas, e acabei ganhando várias peças dele de presente ao longo dos anos (ele faleceu em 2018, aos 83 anos).

Essa moeda nº 01, pasmem, eu ainda tenho guardada, e numa caixinha especial, separada. Quase 40 anos depois!

1 Peso argentino

Falando mais detalhadamente sobre a moeda de 1 Peso argentino, ela tem as seguintes especificações:

  • Catálogo Krause: KM# 69
  • Denominação: 1 peso
  • Período: 1974-1976
  • Material: Bronze-Alumínio
  • Bordo: Serrilhado
  • Peso: 5g
  • Diâmetro: 22,3mm
  • Espessura: 2mm

Essa moeda em particular foi cunhada nos anos de 1974, 1975 e 1976, com as seguintes tiragens:

  • 1974: 77.292.377
  • 1975: 423.000.000 (é portanto a mais comum)
  • 1976: 100.075.282

E o Tio Patinhas?

Por quê eu citei o personagem Tio Patinhas no início desse relato? Porque uma prima havia me emprestado alguns livros de uma série popular na época, os Manuais da Disney, e eu acabara de ler o Manual do Tio Patinhas – no qual haviam alguns artigos sobre Numismática que haviam me fascinado com as histórias e as fotografias de moedas antigas.

Página do Manual do Tio Patinha, da Disney, com artigo sobre Moedas do Brasil
Página do “Manual do Tio Patinhas”, da Disney, com artigo sobre Moedas do Brasil

É possível encontrar esse manual da Disney, e outros da série (são vários) em sebos e lojas online de livros usados. Valem muito a pena!

Conclusão

A Numismática é uma ciência e também um hobby fascinante, que me atrai desde a infância, e da qual irei tratar em muitos outros artigos aqui no blog. Nos próximos posts continuarei a contar minha história com essa atividade, com algumas curiosidades sobre moedas especiais ou interessantes que obtive ao longo do tempo.

 

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