O que são Pedras nos Rins (Cálculos Renais)
O que são Pedras nos Rins?
Nefrolitíase é o nome dado à condição na qual cálculos renais, conhecidos popularmente como pedras nos rins, são formados. Isso ocorre geralmente quando existe uma alta concentração de determinadas substâncias na urina, que acabam se cristalizando e se acumulando, formando corpos sólidos (“pedras”). Por exemplo, o excesso de Oxalato de Cálcio pode formar pedras, e também existem pedras formadas por ácido úrico, estruvita ou cistina.
Esses cálculos ficam alojados dentro dos rins, e eventualmente podem se deslocar através dos ureteres. Quando possuem tamanho reduzido (até cerca de 6mm), costumam passar diretamente e serem eliminados ao urinar. Porém, caso os cálculos se tornem maiores, podem não passar pelo trato urinário, obstruindo a passagem da urina e causando uma dor inacreditável.
Eu conheço bem essa condição, pois sofri por quase cinco anos com pedras nos rins, até que fui submetido a uma cirurgia para retirada das pedras (no meu caso, de oxalato de cálcio) que me causavam tanto sofrimento. Passava noites sem dormir, muitas delas no hospital tomando medicação, e várias vezes cheguei a vomitar de tão intensa a condição dolorosa.
Sintomas de pedras nos rins
Os sintomas típicos da presença de cálculos renais incluem:
- Dor no abdômen (às vezes excruciante), que se irradia para as virilhas
- Dor nas costas e lados do corpo (comumente, de um lado só)
- Náuseas e vômitos (sim, chega-se a vomitar de dor!)
- Dificuldade para urinar
- Urina turva ou com cheiro ruim
- Vontade de urinar frequente
- Urina com cor escura, rosada, marrom ou avermelhada
A detecção dos cálculos renais é realizada por meio de exames especializados, como exames de sangue, de urina, radiografia, ultrassonografia, tomografia ou ressonância magnética, por exemplo.
O que causa os cálculos renais?
Diversos fatores podem desencadear a formação de cálculos renais em uma pessoa. Alguns dos mais comuns são:
- Dieta muito rica em proteína animal
- Doenças e condições que afetem os rins (como o Diabetes!)
- Moléstias que afetem a concentração de cálcio no corpo
- Dieta com muitos alimentos ricos em oxalato
- Doenças no trato urinário, como infecções
- Histórico familiar de pedras nos rins
- Obesidade
- Alguns medicamentos, como diuréticos, suplementos de cálcio, e alguns medicamentos usados para tratar infecções.
De acordo com esse estudo do NCBI, a resistência à insulina, típica no diabetes tipo 2 (DM2), tem ligação com a formação de pedras de ácido úrico, pois resulta em um déficit de produção de amônia nos rins, o que leva à diminuição do pH urinário, favorecendo a formação de cálculos desse tipo.
Como evitar pedras nos rins
A melhor forma de prevenção contra cálculos renais é a ingestão de quantidade adequada de água, além de tomar muito cuidado com sua alimentação, evitando alimentos ricos em oxalatos e muita proteína animal, principalmente carne vermelha.
Algumas pequisas apontam que beber sucos de frutas cítricas, como limão, pode ajudar a prevenir a formação de cálculos. Eu tenho o costume de espremer um limão (ou lima) em uma garrafa de água para beber durante a manhã. Ah, e sem açúcar, para não prejudicar minha glicemia.
O excesso de sódio na dieta (sal) também pode aumentar a quantidade de cálcio excretado na urina, e por isso é importante maneirar no sal durante as refeições.
Alimentos ricos em oxalato devem ser evitados, o que inclui, por exemplo:
- Espinafre
- Ruibarbo
- Batata-doce
- Beterraba
- Chocolate
- Castanha de caju
- Amendoim
- Soja
- Missô
- Figos secos
entre outros.
E cuidado: suplementos de vitamina C (ácido ascórbico) podem aumentar o risco de formação de cálculos renais, de acordo com vários estudos, como este artigo publicado no JAMA (Journal of the American Medical Association).
Como tratar pedras nos rins
As dores podem ser tratadas com medicamentos analgésicos como Buscopan e outros, mas se os cálculos não forem eliminados continuarão a causar problemas, que com o tempo podem evoluir e causar infecções nas vias urinárias e até mesmo problemas mais sérios nos rins, podendo levar inclusive à falência renal.
Pedras de tamanho pequeno não precisam de tratamento, pois são eliminadas espontaneamente ao urinar. Já as maiores provavelmente precisarão de intervenção médica, que pode incluir métodos não invasivos, como a Litotripsia (“Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque“), ou ainda sondas introduzidas nas vias urinárias para tentar quebrá-las. Caso esses métodos não funcionem, será necessário realizar uma cirurgia para a retirada dos cálculos.
Eu passei por duas sessões de litotripsia (“quebrar pedras com ondas de ultrassom”), mas não deram resultado. Isso foi há mais de 15 anos. Como meus cálculos estavam alojados na parte superior do ureter, próximo ao rim, e também dentro do rim (direito), acabei sendo submetido a uma cirurgia aberta, que me deixou com uma cicatriz de mais de 10 cm na barriga, a qual sempre me recorda que tenho tenho de beber bastante água. Desde então, nunca mais tive problemas, pois passei a cuidar da minha dieta e ingerir bastante líquidos diariamente.
Mas cuidado: sucos de frutas e refrigerantes em excesso podem levar a outros problemas, às vezes até mais graves do que os próprios cálculos renais! Além disso, receitas caseiras não tem nenhuma comprovação de que funcionem, como por exemplo beber azeite ou chá de quebra-pedra (e sim, eu tomei um monte disso na época). É evidente que, se você beber litros disso estará bebendo litros de água, e isso sim é que pode ajudar a evitar a formação dos cálculos.
Referências
Rodman, J.; Sosa, R. E.; Seidman, C.; Jones, R. No More Kidney Stones. Editora John Wiley & Sons. 2007. 1ª edição.
JAMA. Ascorbic Acid Supplements and Kidney Stone Incidence Among Men: A Prospective Study. 2013
NCBI. Diabetes Mellitus and Kidney Stone Formation. 2006