O que é o Período de Lua-de-Mel no Diabetes Tipo 1

Período de Lua-de-Mel no Diabetes Tipo 1

Após ter sido diagnosticado com diabetes tipo 1, comecei imediatamente a tomar insulina (injeções) diariamente, para sobreviver. Porém, pesquisando sobre a doença notei que muitas pessoas tomam múltiplas doses ao longo do dia, como por exemplo ao acordar, antes das refeições e antes de dormir. Mas eu estou tomando apenas uma injeção diária, de dose relativamente baixa (ou duas, se considerar uma mudança da insulina que eu requisitei ao médico).

Porque tão pouco? Isso pode ter a haver com o que é chamado de Período de Lua-de-Mel no diabetes tipo 1.

O Período de Lua-de-Mel é uma fase que algumas pessoas com Diabetes Tipo 1 experimentam logo após term sido diagnosticadas com a doença. Durante esse período, a pessoa aparentemente melhora, muitas vezes precisando de apenas uma pequena quantidade de insulina diariamente. Às vezes, a pessoa pode até ter seu nível glicêmico normalizado ou muito próximo do normal, mesmo sem tomar insulina.

Isso acontece porque o pâncreas ainda está produzindo uma certa quantidade de insulina, que ajuda no controle da glicose no sangue. Na prática, se forem feitas aplicações de insulina, é até possível que ocorram episódios de hipoglicemia, pois os efeitos da insulina injetada e da (ainda) produzida pelo pâncreas se somam no corpo.

Durante esse período, é relativamente fácil controlar o nível de glicose no sangue. Eu, provavelmente, estou nesse período, pois tenho conseguido controlar minha glicemia com facilidade, bastando para isso 1 ou 2 injeções de insulina diárias. Até quando? Não sei, mas espero que essa lua-de-mel se prolongue o máximo possível.

Nem todo mundo passa por essa fase, e passar por ela não significa de forma alguma que o doente está ou possa ser curado da Diabetes Tipo 1 – a doença é para sempre, e essa fase é passageira.

Quanto tempo dura o período de lua-de-mel na diabetes?

Esse período tem uma duração diferente de pessoa para pessoa, podendo variar consideravelmente. Ele pode durar algumas semanas, vários meses ou até mesmo – para os mais “afortunados” – alguns anos. Mas ele acaba, e só ocorre uma única vez.

Quando as células beta do pâncreas tiverem sido completamente destruídas pelas células T do sistema imunológico, não haverá mais nenhuma produção de insulina, e a lua-de-mel chegará ao fim, requerendo doses maiores de insulina diárias.

Como saber se a lua-de-mel está acabando?

Se, ao realizar suas medições diárias de glicemia, você notar que os valores tem começado a ficar mais altos, mesmo sem alteração na quantidade de insulina injetada ou na alimentação, então você tem um sinal de que o período de lua-de-mel deve estar chegando a seu fim. Nesse caso, é importante procurar seu médico para conversar a respeito – muito provavelmente será receitado um aumento na dose diária de insulina.

Talvez seja possível estender o período de lua-de-mel. Um estudo na Dinamarca com crianças portadoras de diabetes tipo 1 mostrou que uma dieta livre de glúten poderia ajudar a prolongar essa fase, independente de elas terem doença celíaca ou não.

Nesse estudo, os cientistas concluem que “A remissão prolongada pode ser devida à ausência de glúten na dieta, o baixo índice glicêmico da dieta, distribuição de pequenas refeições ao longo do dia ou ainda uma combinação desses fatores. Resultados de modelos animais sugerem que a dieta sem glúten é uma causa provável”

Outras pesquisas sugerem que tomar suplementos de vitamina D3 pode diminuir a taxa de declínio das células beta do pâncreas, ajudando assim a prolongar a fase de lua-de-mel.

Importante: Jamais pare de tomar insulina por conta própria, mesmo se estiver na fase de lua-de-mel. Sempre converse com seu médico a respeito, para não correr o risco de sofrer complicações graves, como cetoacidose diabética, que pode ser fatal. Alguns cientistas, inclusive, acreditam que tomar insulina durante a fase de lua-de-mel pode ajudar a manter as células beta remanescentes no pâncreas vivas e em funcionamento, de acordo com esse estudo.

Referências

Saudek, C.D.; Rubin, R.R.; Shump, C.S. The Johns Hopkins Guide to Diabetes. Johns Hopkins Press. 2001

 

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