O que é Diabetes Tipo 1
Diabetes Tipo 1
Fui diagnosticado com Diabetes Melito Tipo 1.
Mas o que é, exatamente o diabetes tipo 1? Neste artigo vou compartilhar o conhecimento sobre essa doença que obtive até o momento, desde que descobri ser portador, após passar por uma experiência muito desagradável.
Existem dois tipos principais de diabetes melito: tipo 1 (DM1) e tipo 2 (DM2); existem outros além desses. Em ambos, os sintomas são semelhantes, e ao longo do tempo, levam a complicações graves. Porém, são doenças distintas.
O que é o Diabetes Tipo 1 – DM1
No diabetes tipo 1, as células beta do pâncreas são completamente destruídas (por motivos ainda desconhecidos), e assim o corpo se torna incapaz de produzir insulina.
A insulina é o hormônio que permite ao corpo usar a glicose presente no sangue para produzir energia. Quando consumimos alimentos, principalmente carboidratos, eles são metabolizados e transformados em glicose, a qual, por meio da ação da insulina, é aproveitada pelas células do corpo para produzir energia.
Sem a insulina, esse processo não ocorre, e a glicose não é absorvida pelas células, de modo que ela se acumula no sangue, aumentando seu nível, o que chamamos de hiperglicemia. Glicemia elevada causa diversos problemas ao organismo, alguns muito graves, em curto e longo prazo.
A DM1 é muito mais comum em crianças e adolescentes, sendo por muito tempo inclusive chamada de Diabetes Juvenil. Porém, ela também pode ocorrer de forma tardia em adultos, após os 30 anos. Eu, por exemplo, fui diagnosticado com DM1 aos 44 anos.
Sintomas da diabetes tipo 1
Pessoas com diabetes tipo 1 que não recebem tratamento adequado apresentam os sintomas a seguir:
- Fome em excesso
- Muita sede
- Fadiga
- Visão embaçada
- Vontade de urinar muito frequente
- Urinar na cama (em crianças)
- Perda súbita de peso, mesmo sem fazer nenhuma dieta
E a pessoa pode desenvolver a temida Cetoacidose diabética, uma condição muito grave que pode levar à morte em questão de horas ou dias.
Caso você tenha alguns dos sintomas acima, procure um médico imediatamente. Se você tiver diabetes tipo 1, precisa receber tratamento imediato, pois como o pâncreas não produz insulina e não consegue usar a glicose do sangue, o corpo inevitavelmente começará a usar suas reservas de gordura para obter energia, e esse processo acabará levando à cetoacidose.
A diabetes tipo 1 se desenvolve rapidamente. Num dia você se sente ótimo, e no dia seguinte pode começar a ter os sintomas citados. Foi assim que aconteceu comigo – um final de semana, me sentia muito bem, me alimentei como de costume, tomei minha cervejinha com os amigos e me diverti tranquilamente.
Dois dias depois, amanheci morrendo de sede. Como tenho o hábito de beber muita água, não dei muita importância – apenas bebi mais água do que de costume.
Porém, a sede não passava e começou a piorar nos dias subsequentes. Além disso, levantava diversas vezes durante a noite para urinar, e comecei a me sentir muito cansado e esgotado, mesmo logo após acordar pela manhã.
Alguns dias depois, com taquicardia e mal conseguindo ficar em pé por cansaço extremo e sonolência, fui ao pronto-socorro. Após alguns exames comuns, fui admitido no hospital e no mesmo dia estava internado na UTI, onde permaneci por quatro dias. Meu nível de glicemia estava próximo de 600 – o normal seria algo em torno de 90.
Eu estava com cetoacidose diabética, e poderia ter morrido se tivesse demorado mais um dia para procurar ajuda médica. E foi um grande choque para mim descobrir que tinha diabetes, ainda mais do tipo 1, pois até então me sentia perfeitamente saudável.
Muitos dos diagnósticos de DM1 ocorrem da forma como aconteceu comigo – após ir parar em um pronto-socorro por conta de cetoacidose.
Causas da diabetes tipo 1
As causas da diabetes tipo 1 são bem diferentes da diabetes tipo 2. Na prática, não se sabe ao certo o que causa a DM1. Acredita-se que seja uma doença autoimune, ou seja, o sistema imunológico da pessoa, por algum motivo, se engana e começa a atacar as células beta do pâncreas, até exterminá-las. E aí, não haverá mais produção de insulina, por essas células não se regeneram.
O que causa esse ataque? Ninguém sabe. Especula-se que fatores ambientais tenham papel nesse processo, como contato com algum tipo de vírus ou toxinas / poluição no ambiente.
Histórico familiar (genética) pode ter influência em alguns casos de DM1 também. Caucasianos (pessoas de pele branca) são um grupo de maior risco, sendo mais comum a DM1 em europeus e descendentes do que em outros povos. Curiosamente, a Escandinávia (Noruega, Suécia e Finlândia) é o local com maior incidência de DM1 no mundo em relação à população (além da Arábia Saudita, o que é desconcertante). Especula-se que o clima frio possa ter alguma influência, direta ou indireta também.
Por conta desses fatores, não somente não se sabe o que causa a DM1, como também não sabemos como preveni-la.
Em números absolutos o Brasil é o terceiro país com mais casos de diabetes tipo 1 no planeta.
Como tratar a diabetes tipo 1
O tratamento da DM1 se dá, basicamente, pela administração de insulina diariamente – e pelo resto da vida. O corpo não é mais capaz de produzir esse hormônio e, assim, é necessário supri-lo com injeções de insulina. E, infelizmente, não há remédios que possam ser tomados por via oral, pois a insulina é degradada no estômago, de modo que só pode ser administrada injetando-a.
A injeção pode ser feita por meio de seringas descartáveis, canetas de insulina ou ainda bombas de insulina. A quantidade de insulina que deve ser usada varia muito de pessoa para pessoa, e mesmo durante o dia. É muito comum ter de realizar várias aplicações por dia, por exemplo antes de cada refeição.
Também é importante para o portador de DM1 uma dieta adequada e planejada, e a realização de atividades físicas, que podem ajudar no controle da glicemia e efetividade da insulina. Beber álcool com MUITA moderação e não fumar também é muito importante. Mas não é possível se tratar só com isso – as injeções de insulina são obrigatórias, além do monitoramento diário do nível de glicemia no sangue, e a manutenção da pressão arterial e dos níveis de colesterol no sangue controlados.
O transplante de pâncreas pode resolver o problema da DM1, porém é um procedimento muito drástico, e que pode causar outras complicações, comuns a todos os transplantados, devido à supressão imunológica necessária para evitar rejeição.
Estatísticas da Diabetes Tipo 1
Estima-se que cerca de 5% a 10% dos casos de diabetes sejam do tipo 1, sendo, portanto uma doença muito menos comum do que a DM2.
A expectativa de vida de uma pessoa com DM1 é diminuída em cerca de 11 a 12 anos em relação á média da população, e por isso é importante gerenciar a doença de forma adequada, inclusive para evitar as inúmeras complicações que podem ocorrer, tais como:
- Doenças nos olhos e até cegueira
- Doenças do coração
- Problemas renais (Nefropatia Diabética)
- Danos ao sistema nervoso (Neuropatia)
- Problemas circulatórios e vasculares
- Problemas nos dentes e gengivas
- Derrames
- Problemas sexuais e impotência
- Amputação de partes do corpo, principalmente pés e pernas.
O Brasil é um dos países com maior número de diabéticos do mundo, incluindo os tipos 1 e 2, de acordo com dados do atlas de diabetes do IDF – International Diabetic Federation. Estima-se que haja mais de 12,5 milhões de diabéticos no Brasil, sendo de 5 a 10% portadores de DM1.
Viver com diabetes tipo 1 é um desafio, mas com tratamento e acompanhamento adequados, é possível viver uma vida saudável e relativamente longa com o DM1, além de evitar as complicações que podem ocorrer em decorrência da doença.
Conclusão
Há muito que aprender ainda sobre o DM1. O que eu sei até agora é que conviverei com as aplicações de insulina diárias, com o controle rígido de alimentação e atividades físicas, e que devo fazer tudo o que for possível para evitar um novo episódio de cetoacidose e também a ocorrência de complicações futuras afim de viver uma vida mais saudável e recompensadora.
Referências
Saudek, C.D.; Rubin, R.R.; Shump, C.S. The Johns Hopkins Guide to Diabetes. Johns Hopkins Press. 2001
IDF Diabetes Atlas. acessível em www.diabetesatlas.org. Nona edição, 2019
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