20 Perguntas e Respostas sobre as Aráceas

Perguntas e Respostas sobre as Aráceas

As aráceas são uma das famílias de plantas mais populares e versáteis para fins ornamentais, tanto em exteriores quanto em interiores. Amplamente distribuídas em regiões tropicais ao redor do mundo, elas englobam gêneros famosos como Philodendron, Monstera, Anthurium e Spathiphyllum.

Geralmente adaptadas a ambientes com luz difusa ou indireta, as aráceas se destacam pela capacidade de prosperar em locais que não recebem sol direto, como apartamentos e escritórios, o que as torna ideais para quem deseja trazer um toque de natureza para dentro de casa.

Além de suportarem baixos níveis de luminosidade, essas plantas possuem características bem interessantes, como folhas grandes e resistentes e inflorescências em forma de espádice (comumente chamadas de “espiga”), muitas vezes envolvidas por uma espata vistosa. Essa estrutura, que pode apresentar cores variadas, é um dos motivos que faz as aráceas se destacarem na decoração de ambientes internos.

Quando bem cuidadas, fornecendo regas adequadas e garantindo boa umidade, as aráceas podem viver por muitos anos, trazendo beleza e benefícios, como a purificação do ar e a sensação de conforto visual para os espaços onde são cultivadas.

Filodendro
Exemplar de Filodendro no Jardim Botânico de São Paulo. Foto: Fábio dos Reis.

Neste artigo, respondo a uma série de perguntas e respostas sobre essas plantas, abrangendo desde dicas de cultivo e uso até curiosidades sobre suas características e métodos de propagação.

Vamos às perguntas.

O que é uma Arácea?

Arácea é uma planta pertencente à família Araceae, que compreende mais de 3.500 espécies distribuídas em cerca de 140 gêneros. Essas plantas são encontradas em diversas regiões do mundo, principalmente em áreas tropicais e subtropicais.

Elas possuem uma inflorescência típica, com uma estrutura reprodutiva chamada espádice, que é uma haste carnuda rodeada por uma folha modificada chamada espata, frequentemente colorida ou chamativa.

Suas folhas são bastante diversificadas, apresentando diferentes formatos e tamanhos, muitas vezes grandes e decorativas.

As aráceas podem ser terrestres, epífitas (crescendo sobre outras plantas), aquáticas ou semi-aquáticas, e a maioria prefere ambientes sombreados ou de luz difusa, e muitas se adaptam bem ao cultivo em ambientes internos.

As aráceas são venenosas?

A maioria das espécies de aráceas contêm cristais de oxalato de cálcio em suas folhas, talos e raízes, que pode ser tóxico para humanos e animais se ingerido.
A presença desses cristais serve como um mecanismo de defesa contra herbívoros. A ingestão dessas substâncias pode causar dor imediata, irritação na boca e garganta, dificuldade de engolir e outros desconfortos.

Essa experiência desagradável geralmente dissuade os animais de consumir grandes quantidades da planta, protegendo-a de danos significativos.

Exemplos de aráceas com propriedades tóxicas incluem o antúrio, o copo-de-leite e a comigo-ninguém-pode.

Qual a arácea mais fácil de cultivar?

Espécies como o antúrio (Anthurium andraeanum) e a jibóia (Epipremnum aureum) são consideradas bem fáceis de cultivar devido à sua resistência e baixa necessidade de manutenção.

Ambas se adaptam bem a ambientes internos e apresentam boa tolerância a diferentes condições de luz e umidade.

Aglaonema
Exemplar de Aglaonema em flor, do jardim do autor. Foto: Fábio dos Reis.

Quanto tempo vive uma arácea?

A longevidade das aráceas varia conforme a espécie e os cuidados recebidos. Com boas condições de cultivo e cuidados adequados, algumas aráceas podem viver por muitos anos, até mesmo por décadas, especialmente as que são cultivadas como plantas ornamentais, como o antúrio, filodendro e a jibóia.

O antúrio é venenoso?

Sim, o antúrio contém cristais de oxalato de cálcio, que podem causar toxicidade se ingerido e irritações na pele ou mucosas em contato direto, tanto para humanos quanto para outros animais, como pets. Na prática, a maioria das aráceas pode ser considerada venenosa para pets e humanos, se consumidas.

Se você tiver animais de estimação em casa, procure manter suas aráceas em locais de difícil acesso para eles, para evitar problemas.

O antúrio gosta de sol direto?

Não, o antúrio, assim como a maior parte das aráceas, não aprecia sol direto. Ele se desenvolve melhor em ambientes com luz difusa ou meia-sombra.

Se exposto à luz solar intensa, suas folhas podem sofrer queimaduras e o crescimento da planta tende a ser prejudicado, podendo até levar à morte da planta.

As aráceas são plantas de sombra?

A maioria das aráceas se adapta muito bem a locais sombreados ou com luz indireta, o que as torna perfeitas para ambientes internos ou àqueles cantos no jardim ou no quintal onde não há muita luminosidade.

No entanto, algumas espécies podem tolerar um pouco mais de luz incidente, desde que fiquem protegidas dos raios solares diretos, evitando assim danos às folhas das plantas.

Caladium
Um Caladium, do jardim do autor. Foto: Fábio dos Reis.

As aráceas são comestíveis?

Algumas aráceas, como o taro (Colocasia esculenta) e o inhame (Xanthosoma sagittifolium), possuem partes comestíveis, mas somente após um cozimento adequado para neutralizar os compostos tóxicos, como os cristais de oxalato de cálcio presentes nessas plantas.

Fora essas plantas, a maioria das demais aráceas (ornamentais ou não) não é comestível e geralmente são tóxicas.

Existem aráceas aquáticas?

Sim, algumas aráceas são adaptadas a ambientes aquáticos ou semi-aquáticos. Um exemplo comum é a Cryptocoryne, que é frequentemente utilizada em ornamentação de aquários.

Outros exemplos de aráceas aquáticas ou semi-aquáticas incluem:

  • Subfamília Lemnoideae: Este grupo é composto por algumas das menores plantas com flores do mundo e são exclusivamente aquáticas, flutuando na superfície da água. Gêneros como Lemna, Spirodela e Wolffia pertencem a esta subfamília.
  • Gênero Anubias: Outro grupo de plantas de aquário, nativas da África, que podem crescer totalmente submersas ou com as folhas acima da água.
  • Gênero Pistia (Alface-d’água): A única espécie nesse gênero é a popular Pistia stratiotes, uma planta aquática flutuante com folhas aveludadas que se assemelham a uma alface pequena. Também é conhecida pelos nomes de erva-de-santa-luzia e repolho d´água, entre outros.
Alface d´água (Pistia stratiotes)
Alface d´água (Pistia stratiotes). Imagem: Wikimedia Commons

Qual arácea vai bem na sombra?

Plantas como a jibóia (Epipremnum aureum), o antúrio (Anthurium andraeanum) e o lírio-da-paz (Spathiphyllum wallisii) são excelentes para locais sombreados, crescendo bem em condições de luz indireta.

Essas espécies são inclusive bastante populares como plantas de interior devido à sua adaptabilidade.

De onde as aráceas são originárias?

As aráceas são originárias de diversas regiões do mundo, com maior concentração nas áreas tropicais e subtropicais, especialmente nas Américas, Ásia e África.

A maioria das espécies dessa família prosperam em ambientes úmidos, como florestas tropicais, mas algumas também se adaptam a habitats temperados e aquáticos.

Por sua ampla distribuição, elas podem ser encontradas em diferentes ecossistemas, variando desde áreas de sombra densa até locais com maior exposição à luz difusa.

Folha de Aglaonema crispum
Folha de Aglaonema crispum. Foto do autor.

As aráceas produzem flores?

Sim, as aráceas, por serem Angiospermas, também produzem flores, mas elas têm uma aparência única que pode ser bem diferente das flores, digamos,  “tradicionais”.

As flores das aráceas são organizadas em uma estrutura chamada inflorescência, que consiste em duas partes principais:

  1. Espádice: É uma haste carnuda onde estão dispostas as flores reais, que são geralmente pequenas e discretas.
  2. Espata: É uma folha modificada que envolve o espádice, muitas vezes colorida e ornamental, atraindo polinizadores.
Flor de um Spathiphyllum (Lírio da Paz)
Flor de um Spathiphyllum (Lírio da Paz). Foto: Fábio dos Reis.

Apesar de serem funcionais, as flores em si são pequenas e podem ser unissexuadas ou hermafroditas, dependendo da espécie. A espata, em muitas espécies, é confundida com a “flor”, mas sua função principal é proteger as flores e atrair polinizadores.

Exemplos incluem as belas flores vistosas do antúrio (Gênero Anthurium) e do copo-de-leite (Gênero Zantedeschia).

Comigo-ninguém-poe em flor
Dieffenbachia (Comigo-ninguém-pode) em flor. Foto por Fábio dos Reis.

Quantos tipos de antúrios existem?

O gênero Anthurium é um dos maiores e mais diversos dentro da família Araceae. Atualmente, estima-se que existam pelo menos 1.000 espécies de Anthurium formalmente descritas pela ciência, e acredita-se que muitas outras ainda aguardam descoberta e descrição.

Algumas fontes sugerem que esse número pode ser bem maior, chegando perto de 1.500 espécies.

Essa grande quantidade de espécies demonstra a incrível variedade dentro do gênero, com plantas exibindo uma ampla variedade de formas, tamanhos e texturas de folhas, além de cores de inflorescências.

Novas espécies ainda estão sendo descobertas rotineiramente em seus habitats nativos nas regiões tropicais das Américas.

O que é a Flor-Cadáver?

A Flor-Cadáver (Amorphophallus titanum) é uma arácea conhecida por sua impressionante inflorescência (que atinge até 3m de altura) e por exalar um forte odor semelhante ao de carne em decomposição quando floresce.

Este odor serve para atrair insetos, como moscas e besouros, que ajudam na polinização. Curiosamente, a planta pode levar anos (geralmente entre 7 e 10 anos) para florescer pela primeira vez, e cada floração dura apenas alguns dias.

Flor Cadáver (Amorphophallus gigas)
Flor Cadáver (Gênero Amorphophallus). Imagem: Hortus Leiden (Países Baixos)

Como ocorre a polinização nas aráceas que emitem odores fétidos?

Algumas aráceas, como o jarro-titã (Amorphophallus titanum) e o lírio-fedorento (Helicodiceros muscivorus), desenvolveram uma estratégia de polinização incomum ao emitir odores que se assemelham a carne em decomposição ou fezes. Esses odores atraem principalmente moscas varejeiras e besouros coprófagos, que normalmente se alimentam desses materiais.

Os insetos são enganados e levados a entrar na inflorescência em busca de alimento ou locais para depositar seus ovos e, ao fazê-lo, acabam transferindo o pólen entre as flores masculinas e femininas.

Qual a importância econômica das aráceas além de seu uso ornamental?

Além de seu valor ornamental como plantas de interior e exterior (exemplos: antúrio, caládio, aglaonema), algumas aráceas possuem importância econômica como fontes de alimento. O inhame (Colocasia esculenta) é um tubérculo rico em amido cultivado em muitas partes do mundo como alimento básico.

Outras aráceas, como o taro gigante (Alocasia macrorrhizos), também têm partes comestíveis após cozimento adequado para neutralizar os cristais de oxalato.

Por que a Amorphophallus titanum (jarro-titã ou flor-cadáver) produz uma das maiores inflorescências do mundo?

Acredita-se que a enorme inflorescência do jarro-titã seja uma estratégia para maximizar a atração de polinizadores em um período limitado de floração. O tamanho grande e o forte odor fétido aumentam o raio de alcance dos sinais químicos, atraindo um grande número de moscas e besouros de longa distância.

A inflorescência também gera calor, o que pode intensificar a dispersão do odor e imitar ainda mais um corpo em decomposição, tornando-o mais atraente para os polinizadores-chave.

Qual o papel ecológico das aráceas em seus habitats naturais?

As aráceas desempenham diversos papéis ecológicos importantes. Suas flores fornecem néctar e pólen para uma variedade de insetos polinizadores, contribuindo para a biodiversidade. Seus frutos podem ser uma fonte de alimento para aves e outros animais, auxiliando na dispersão de sementes. As folhas grandes de algumas espécies oferecem abrigo para pequenos animais.

Em ecossistemas aquáticos, as aráceas podem fornecer habitat e alimento para organismos aquáticos.

Existem aráceas epífitas? Como elas se adaptam a viver sobre outras plantas?

Sim, existem muitas aráceas que são epífitas, ou seja, que vivem sobre outras plantas sem no entanto parasitá-las. Elas desenvolveram adaptações para obter água e nutrientes do ar, da chuva e dos detritos orgânicos que se acumulam nas árvores. Suas raízes aéreas podem se fixar no substrato e absorver umidade e nutrientes.

Algumas epífitas possuem folhas em formato de roseta que capturam água e matéria orgânica.

O antúrio e algumas espécies de Philodendron são exemplos de aráceas epífitas.

Raphidophoras crescendo sobre árvores no Parque Celso Daniel, em Santo André.
Raphidophoras crescendo sobre árvores no Parque Celso Daniel, em Santo André. Foto do autor.

Quais são alguns exemplos de aráceas com folhas variegadas e por que essa característica é valorizada?

Várias aráceas apresentam folhas variegadas, com padrões de cores diferentes, como manchas, listras ou bordas em tons de branco, amarelo ou outros verdes. Exemplos incluem muitas cultivares de Caladium, Aglaonema, Dieffenbacchia (comigo-ninguém-pode) e algumas espécies de Philodendron.

Essa característica é altamente valorizada ornamentalmente porque adiciona um apelo visual único e decorativo às plantas, tornando-as mais atraentes para uso em interiores e jardins. A variegação pode ser resultado de mutações genéticas que afetam a produção de clorofila em certas áreas da folha.

Como as aráceas se adaptam a ambientes com baixa luminosidade, como o interior de florestas tropicais?

Aráceas que vivem em ambientes com baixa luminosidade desenvolveram várias adaptações para maximizar a captura de luz. Suas folhas tendem a ser grandes e largas, aumentando a área de superfície para absorver a luz difusa que penetra no dossel florestal. Algumas espécies possuem pigmentos acessórios, além da clorofila, que podem absorver comprimentos de onda de luz que penetram mais profundamente na floresta.

Além disso, algumas aráceas podem apresentar fototropismo, crescendo em direção às fontes de luz disponíveis.

Essas adaptações permitem que as aráceas sejam cultivadas, com sucesso, como plantas de interior, em ambientes com luminosidade relativamente baixa.

Conclusão

As aráceas são plantas bastante diversas e adaptáveis, muito empregadas como plantas decorativas e e interior. Neste artigo procurei responder a algumas das perguntas mais comuns sobre esse gênero de plantas, mas é claro que muitas outras questões podem ser formuladas.

Por isso, se você tiver mais questões a respeito dessas fantásticas plantas, deixe nos comentários logo abaixo que assim que possível as responderei, incorporando-as no corpo do texto.

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